quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Tarde de Mais : /



Desde o começo, como meu melhor amigo, ele esteve presente. Com aquele sorriso simples e aqueles olhos de sonhador. De gente que sempre teve fé. Que se manteve por perto mesmo quando eu pedi para ir embora. Mas ele não foi. Ele se manteve ao meu lado mesmo quando eu não quis. Mesmo quando eu não pude corresponder ás suas expectativas. E ele nunca desistiu, pelo contrário, ele foi o único que segurou minha mão quando todos soltaram.

Quando eu perdi o chão, ele me segurou no seu colo. Quando todas as lágrimas vieram à tona, ele esteve ao meu lado me consolando, tentando me fazer sorrir. E quando eu lhe pedi uma estrela, ele trouxe a constelação inteira. Quando eu lhe pedi uma flor, ele trouxe o jardim. E eu estive cega. Eu não enxerguei o tamanho do amor que ele sentia. Eu não aceitei as suas promessas, não quis fazer parte dos seus planos, não me importei com suas feridas. Fui incapaz de perceber o quanto ele poderia me fazer feliz. Já me fazia, mas eu levei muito tempo para perceber.

Enquanto observo os traços que suas lágrimas fazem em seu rosto, eu medito em suas palavras, em como sua dor é visível. Ele me diz que tudo vai ficar bem, que eu vou ser feliz, que as coisas vão se ajeitar, mas e quanto á ele? Quem vai ajeitar as coisas para ele? Quem vai ajudá-lo a atravessar este rio bravo que ele se meteu? Viro meu rosto para não ter que ver a dor nos seus olhos. Há tanta coisa a ser dita, mas já não podemos dizer nada. Eu errei quando o deixei ir embora, ele errou quando acreditou que poderia me esquecer. Nós dois erramos, e enquanto lhe dou o último abraço, sinto uma imensa dor de ambos os lados. Ele chora por querer ficar ao meu lado. Eu choro por que sei que este privilégio não nos pode ser dado.

   Vanessa Souza ty