Desde
o começo, como meu melhor amigo, ele esteve presente. Com aquele sorriso
simples e aqueles olhos de sonhador. De gente que sempre teve fé. Que se
manteve por perto mesmo quando eu pedi para ir embora. Mas ele não foi. Ele se
manteve ao meu lado mesmo quando eu não quis. Mesmo quando eu não pude
corresponder ás suas expectativas. E ele nunca desistiu, pelo contrário, ele
foi o único que segurou minha mão quando todos soltaram.
Quando
eu perdi o chão, ele me segurou no seu colo. Quando todas as lágrimas vieram à
tona, ele esteve ao meu lado me consolando, tentando me fazer sorrir. E quando eu lhe pedi uma
estrela, ele trouxe a constelação inteira. Quando eu lhe pedi uma flor, ele
trouxe o jardim. E eu estive cega. Eu não enxerguei o tamanho do amor que ele
sentia. Eu não aceitei as suas promessas, não quis fazer parte dos seus planos,
não me importei com suas feridas. Fui incapaz de perceber o quanto ele poderia
me fazer feliz. Já me fazia, mas eu levei muito tempo para perceber.
Enquanto
observo os traços que suas lágrimas fazem em seu rosto, eu medito em suas
palavras, em como sua dor é visível. Ele me diz que tudo vai ficar bem, que eu
vou ser feliz, que as coisas vão se ajeitar, mas e quanto á ele? Quem vai
ajeitar as coisas para ele? Quem vai ajudá-lo a atravessar este rio bravo que
ele se meteu? Viro meu rosto para não ter que ver a dor nos seus olhos. Há
tanta coisa a ser dita, mas já não podemos dizer nada. Eu errei quando o deixei
ir embora, ele errou quando acreditou que poderia me esquecer. Nós dois
erramos, e enquanto lhe dou o último abraço, sinto uma imensa dor de ambos os
lados. Ele chora por querer ficar ao meu lado. Eu choro por que sei que este
privilégio não nos pode ser dado.