Tic Tac, Tic Tac
Ouço o relógio, ouço o ruído dos
vizinhos, a torneira pingando, sua respiração calma. Ouço todos os tipos de
sons, e eu nunca odiei tanto o silêncio como odeio agora.
Eu costumava achar que o silêncio entre
nós era confortável. Que palavras não eram necessárias durante todos os minutos
que estaríamos juntos, mas agora, enquanto o observo com o canto dos olhos, eu
percebo que estive enganada. Eu quero cuspir as palavras em cima dele, quero
gritar com ele por estar sendo um completo idiota comigo, mas eu apenas não
digo nada. E agora, além de todos esses sons irritantes, eu também ouço o back
do meu coração quando ele cai.
Eu posso vê-lo pisando por cima dos
cacos, fazendo o seu caminho para a porta. Tudo o que faço é ir atrás dele com
a pequena esperança de que ele vai esclarecer as coisas, mas ele não faz. Ele diz
que sente muito apenas, e isso agora não basta. Por que eu lhe dei meu coração,
eu lhe entreguei meus sonhos, meus planos, minha vida. Eu lhe dei cada
pedacinho de mim. Eu lhe implorei com minhas lágrimas, minhas súplicas. E
quando ele me beijou uma última vez, eu lhe dei o meu amor. Eu fiz tudo o que
podia para que ele ficasse, para que nós pudéssemos fazer funcionar.
Mas ele não quer nada. Ele apenas entra
no carro e sai, levando meu coração junto. E eu caio no chão, abraçando a mim
mesma com a inútil esperança de que o amor pode nos salvar do fim.
Mas ele não pode, por que ás vezes, o
amor não é o suficiente.
Vanessa Souza
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