Existem sete bilhões de pessoas no mundo. Ou será se
esses números já aumentaram desde a última pesquisa? Não vem ao caso, a verdade
é que poderia até mesmo haver infinitas pessoas, mas somente uma, em todo o
lugar, é capaz de prender seus olhos ao dela. De fazer seu coração bater
acelerado e ao mesmo tempo devagar. Como se por um minuto ele houvesse parado. Abrindo
uma fenda, que no inicio é pequena, mas que com o tempo ela vai crescendo a
cada sorriso recebido dessa pessoa.
Com cada palavra, atitude, gesto. Tudo parece ter
sido feito na medida exata para você. O tipo de pessoa que a gente diz: “veio
para somar”. Mas isso é outra mentira que a gente conta. Por que a verdade é
essa: tudo o que essa pessoa faz é diminuir você.
Ela diminui sua vontade de dormir, de se interessar
por outra pessoa. Ela reduz o seu amor próprio e te limita a amar alguém cujos
sonhos passam a serem seus tão depressa, que a gente até se perde no caminho.
Quer ir de mãos dadas, sem intento de olhar para trás. Mas é no meio dessa sua coragem
absurda que ela solta você. Diminui suas esperanças.
A única coisa que ela soma na sua vida é a saudade
que só cresce. E dói. Dói nas pontas dos pés até no fio de cabelo que insiste
em cair. Na coluna, nos braços cansados. Doem no rosto, as lágrimas que eles
tentam aparar. E na boca, onde o gosto de saudade arde em conflito com o sabor
doce de quem um dia te ensinou que beijos são muitos mais do que dois corpos
que se tocam, mas sim, duas almas que se enlaçam.
Dói nos olhos, nas imagens que ele reflete dia e
noite de um passado que insiste em ser apenas passado. De memórias que te
impendem de dar uma nova chance para outra pessoa que quer tentar.
Não adianta. Embora você tenha derrubado a casa, o
alicerce dela ainda está lá, impedindo que uma nova moradia seja feita. Há
vestígios por todos os cantos. E você passa a viver em um mundo de comparações
entre passado e futuro.
Vale à pena? Matar a si mesmo e outra pessoa por uma
história que você não sabe como deixar ir?
Você vai fingir que está bem com isso. Que está
feliz. Que o amor é só uma questão de convivência. E que daqui algum tempo você
vai aprender a amar de novo.
Quando foi que se esqueceu como é amar? E as
memórias que te fazem ter insônia na madrugada? O choro deixado no travesseiro
ao pensar em tantas promessas que hoje, não passam de rascunhos deixados...
Você não esqueceu como é amar. Você apenas está
fingindo para si mesmo. Agindo como se não se importasse, como se não te
afetasse. E pensando estar fazendo o bem, você apenas está matando essa outra
pessoa também. Você está a deixando amá-lo quando sabe que não pode amar de
volta. Não quando seu coração já fez casa em outra. E mesmo que ela o tenha
expulsado de lá, suas coisas ainda ficaram.
E você sente falta do que foi deixado. Coisas que
você não pode mais voltar para buscar.
Agora é preciso limpar o terreno para construir seu
próprio lar. Para se proteger dos seus medos. O que a vida insiste em roubar de
você.
Não é em outro lugar dessa vez, mas sim dentro de
você. Chegou à hora de ser o seu próprio lar antes de querer ser de alguém.
Ninguém cura um amor por cima de outro.
VANESSA SOUZA