quinta-feira, 27 de julho de 2017

Onde é o nosso lar?




Existem sete bilhões de pessoas no mundo. Ou será se esses números já aumentaram desde a última pesquisa? Não vem ao caso, a verdade é que poderia até mesmo haver infinitas pessoas, mas somente uma, em todo o lugar, é capaz de prender seus olhos ao dela. De fazer seu coração bater acelerado e ao mesmo tempo devagar. Como se por um minuto ele houvesse parado. Abrindo uma fenda, que no inicio é pequena, mas que com o tempo ela vai crescendo a cada sorriso recebido dessa pessoa.
Com cada palavra, atitude, gesto. Tudo parece ter sido feito na medida exata para você. O tipo de pessoa que a gente diz: “veio para somar”. Mas isso é outra mentira que a gente conta. Por que a verdade é essa: tudo o que essa pessoa faz é diminuir você.
Ela diminui sua vontade de dormir, de se interessar por outra pessoa. Ela reduz o seu amor próprio e te limita a amar alguém cujos sonhos passam a serem seus tão depressa, que a gente até se perde no caminho. Quer ir de mãos dadas, sem intento de olhar para trás. Mas é no meio dessa sua coragem absurda que ela solta você. Diminui suas esperanças.
A única coisa que ela soma na sua vida é a saudade que só cresce. E dói. Dói nas pontas dos pés até no fio de cabelo que insiste em cair. Na coluna, nos braços cansados. Doem no rosto, as lágrimas que eles tentam aparar. E na boca, onde o gosto de saudade arde em conflito com o sabor doce de quem um dia te ensinou que beijos são muitos mais do que dois corpos que se tocam, mas sim, duas almas que se enlaçam.
Dói nos olhos, nas imagens que ele reflete dia e noite de um passado que insiste em ser apenas passado. De memórias que te impendem de dar uma nova chance para outra pessoa que quer tentar.
Não adianta. Embora você tenha derrubado a casa, o alicerce dela ainda está lá, impedindo que uma nova moradia seja feita. Há vestígios por todos os cantos. E você passa a viver em um mundo de comparações entre passado e futuro.
Vale à pena? Matar a si mesmo e outra pessoa por uma história que você não sabe como deixar ir?
Você vai fingir que está bem com isso. Que está feliz. Que o amor é só uma questão de convivência. E que daqui algum tempo você vai aprender a amar de novo.
Quando foi que se esqueceu como é amar? E as memórias que te fazem ter insônia na madrugada? O choro deixado no travesseiro ao pensar em tantas promessas que hoje, não passam de rascunhos deixados...
Você não esqueceu como é amar. Você apenas está fingindo para si mesmo. Agindo como se não se importasse, como se não te afetasse. E pensando estar fazendo o bem, você apenas está matando essa outra pessoa também. Você está a deixando amá-lo quando sabe que não pode amar de volta. Não quando seu coração já fez casa em outra. E mesmo que ela o tenha expulsado de lá, suas coisas ainda ficaram.
E você sente falta do que foi deixado. Coisas que você não pode mais voltar para buscar.
Agora é preciso limpar o terreno para construir seu próprio lar. Para se proteger dos seus medos. O que a vida insiste em roubar de você.
Não é em outro lugar dessa vez, mas sim dentro de você. Chegou à hora de ser o seu próprio lar antes de querer ser de alguém.
Ninguém cura um amor por cima de outro.


 VANESSA SOUZA