As luzes vermelhas já não me impressionam mais.
Aquele sorriso incrível deixou de ser incrível há um bom tempo atrás. E depois
de tanto pensar, cheguei à conclusão; de que serve seu belo sorriso se ele não
me fez se apaixonar? É apenas um sorriso agora. Como sempre foi...
Os aviões já não me impressionam mais.
Ouvir aquele velho nome já não rasga mais meu coração. Pelo contrário, a batida
daquelas letras me faz ter a certeza que passou. Aquele velho amor durou o
tanto que deveria durar, e depois de uma enorme cicatriz, eu consigo ver o lado
bom das coisas: foi apenas uma história boba que me serviu de lição. Através
dele, eu aprendi que sou muito areia para aquele caminhãozinho metido a
carreta. Aquele cara cheio de si que queria que eu fosse uma boneca na sua mão.
Aquele cara que enquanto brincava de não saber o que queria, foi quebrando cada
parte boa de mim. E então eu finalmente acordei daquele conto de fadas e decidi
me afogar nos livros. Numa realidade que fosse melhor do que aquela porcaria
que ele havia me jogado.
No meio de tantos olhares, tantas
pessoas vazias e opacas, eu vi um par de olhos verdes. Vi um livro aberto e
diferente de todos os que eu já tinha lido. Uma tonelada de segredos emoldurava
cada palavra daquele olhar. No meio do silêncio, ele disse tudo o que eu
precisava ouvir. No meio do vazio, eu vi tanta coisa esperando por mim. E eu
fui até lá. Eu peguei aquele livro eu comecei a ler a primeira página. E a cada
instante vinham novas emoções. E os outros livros haviam perdido a graça. Os
passatempos se tornaram inúteis. As pessoas eram todas cinzas. E ele era a cor.
Ele é a tonalidade. É o meu livro preferido que nunca tem fim. Pelo contrário,
a cada minuto me surpreende. O seu sorriso não é o mais lindo de todos, mas é o
único capaz de iluminar a escuridão que me persegue. E acima de tudo, o seu
abraço acalma até mesmo a minha alma. E é neste abraço que quero morar.